UM BREVE FEEDBACK SOBRE ATUALIZAÇÕES NA 10ª EDIÇÃO DO PHTLS

Dr. Washington Castro, Enfermeiro emergencista

O PHTLS, Prehospital Trauma Life Support desenvolvido pela National Association of Emergency Medical Technicians – NAEMT foi desenvolvido para profissionais que atuam no atendimento ao trauma, e em sua décima edição, aliás muito esperada, apresentou atualizações frente à sua edição anterior (9ª edição).

Iremos de uma forma bem resumida “pincelar” o que há de novo nessa 10ª edição que já está publicada e logo chegará no Brasil na sua versão traduzida para o português. Embora as atualizações sejam de uma forma geral exíguas e muitas vezes já aguardadas para os profissionais que atuam no atendimento ao trauma, iremos abordá-las e discutir alguns pontos.

A 10ª edição do PHTLS já em seu capítulo inicial aborda as mortes por trauma, que, comparadas às mortes do COVID-19 durante a pandemia, nesse mesmo período, apresentou-se em maior número, o que demonstra como a mortalidade por trauma possui um infeliz destaque no número de mortes no mundo, inclusive pelo uso de celular ao dirigir. A 10ª edição do PHTLS, também, cita inclusive a alta mortalidade por afogamento de crianças entre 1 a 4 anos.

Uma das atualizações nesta 10ª edição foram o acréscimo de mais alguns princípios de ouro, pois na 9ª edição citavam 8 desses princípios. Nesta atual publicação, a décima, acrescentou-se mais 4 princípios de ouro, perfazendo um total de 12. Além dos citados princípios também foram adicionadas mudanças organizacionais de gráficos e imagens. Cabe destacar que no nono princípio de ouro cita a restrição baseada nos princípios do estado mental no trauma, diferente da edição anterior que usava o termo estabilização manual.

A atualização mais recente o PHTLS, faz referência ao procedimento de encaminhamento para o centro de trauma relacionado a quedas, pois na 9ª edição era normatizado que o referido encaminhamento era de quedas de 6,1metros para adultos e 3metros para crianças e na 10ª edição a normatização já indicam o encaminhamento ao serviço de trauma, para quedas a partir de 3 metros, para adultos e crianças.

Outra mudança interessante da 10ª edição do PHTLS, além do aumento da dosagem do ácido tranexâmico para hemorragias (dentro das 3 primeiras horas do trauma), a via intraóssea também é enfatizada. Ainda no contexto de hemorragias, não diferente de edições anteriores, mas de forma mais enfática, na 10ª edição a abordagem do uso do torniquete na região proximal, diferente de outras literaturas, é defendida e justificada sob o tempo curto entre o atendimento e transporte da vítima ao centro de trauma, sendo então essa a indicação mais segura.

Quanto ao choque hipovolêmico a 10ª edição do PHTLS aborda a pressão de mínimo 110mmhg, remetendo a perfusão cerebral, a referida pressão diferente da 9ª edição que recomendava 100mmhg. Já na classificação da vítima para encaminhamento ao serviço de trauma, não houve mudanças significativas, apenas organizacional de gráficos e tabelas, porém na 10ª edição foi citada a necessidade de classificar em vermelho a vítima com os seguintes sintomas: não apresentar resposta motora, SAT menor que 90%, PA sistólica menor que 90mmhg adulto, PA sistólica menor que 70mmhg de 0 a 9 anos e PA sistólica menor que 110mmhg em idosos, que pode inclusive indicar sinal de choque.

Uma abordagem interessante na 10ª edição quanto ao cuidado com as vias aéreas é a citação dos dispositivos de via aérea definitiva, com ênfase no tubo laríngeo supra glótico, com variação de clássico para dupla via (uma via para aspiração) e possibilidade de intubação orotraqueal através do próprio tubo do supra glótico, e enfatiza inclusive a necessidade de realizar aspiração antes de inserir o tubo orotraqueal.

Outra atualização, embora já abordada em edição anterior, foi a inserção do cateter na drenagem de tórax, que na décima edição aborda com ênfase a realização do procedimento no 5º espaço intercostal na linha média clavicular, defendendo a segurança e eficácia do procedimento realizado em adultos, e indicado no 2º espaço intercostal para procedimento em crianças.

Uma importante indicação citada nessa 10ª edição foi a necessidade de estabilização pélvica, com nova tabela indicativa para 6 fatores: força severa de impacto, dor, choque, exame físico sugestivo de fratura, amputação. Realizar a utilização do lençol, caso não possuir dispositivo próprio para imobilização.

No capítulo de grandes queimados, foi incluída uma tabela para erros ao atender vítimas de queimaduras, e uma segunda tabela abordando erros na abordagem das vias aéreas das vítimas dos grandes queimados, inclusive com uma nova tabela de mensuração de fluidos, com as fórmulas de Brook e Parkland. Nesse mesmo sentido de abordagem, a 10ª edição do PHTLS inseriu uma nova tabela abordando o “queijo suíço”, onde demonstra os erros de prevenção que podem levar às injúrias instaladas que poderiam ser evitadas, juntamente a atualização do número de mortes por trauma.

Uma citação de grande relevância nesta nova edição deu-se no capítulo 20, que aborda o atendimento às vítimas de afogamento. O algoritmo geral do afogamento foi inserido com referência ao brasileiro David Szpillman, demonstrando a qualidade do trabalho brasileiro no atendimento às vítimas de afogamento. Relembrando que a 10ª edição ainda não está disponível a venda no Brasil, e os exemplares encontrados ainda apresentam um alto valor devido sua importação. Em breve teremos a edição traduzida para a língua portuguesa e comercialização da edição no país, com um valor acessível.

Referências

PHTLS – Atendimento pré-hospitalar ao traumatizado. 9. Ed. Burlington: Jones & Bartlett Learning, 2020.

PHTLS – Prehospital Trauma Life Support. 10. Ed. PD

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