CURSO DE JORNALISMO EM ÁREA DE CONFLITO

A globalização, desde sua implementação, vem transformando o mundo e a velocidade da informação a nível mundial. A pluralidade de meios e canais de comunicação fizeram o indivíduo emancipar-se da informação pré-formatada, colocando as teorias frankfurtianas dos filósofos e sociólogos Adorno e Horkheimer em dúvida, pois novas maneiras de se pensar e fazer política surgiram, principalmente, na forma de reivindicar, manifestar e compartilhar ideias. Apesar da transnacionalidade da globalização e o rompimento da fronteira da informação, não ocorreu mudança na fonte da informação, o jornalista. 

Toda vez que cita-se a profissão jornalista, o inconsciente popular nos remete a imagem do apresentador do telejornal, do repórter de rua ou ate mesmo do redator de um grande jornal impresso. Ocorre que com a evolução da tecnologia e novas definições, o jornalista pode exercer as seguintes funções a saber: assessor de imprensa, produtor de conteúdo, produtor de reportagem, podcaster, repórter, storyteller, editor, diretor de redação, checador de fatos, fotojornalista, correspondente internacional e redator-chefe ou editor-chefe.

A evolução da tecnologia, o aumento da velocidade da informação e a necessidade de uma fonte de produção da notícia, obriga o jornalista a processar a informação rapidamente e isto o coloca em risco eminente da integridade física por conta do acompanhamento do fato, seja onde for. Do exposto, temos acompanhado jornalistas acompanhando conflitos de diversas naturezas, seja os conflitos urbanos entre os órgãos de segurança pública e integrantes do crime organizado ou em conflitos internacionais como a atual guerra entre Rússia e Ucrânia.

 

Após contextualização, acima descrita, fica uma indagação: como os jornalistas se preparam no dia a dia para realizar a cobertura jornalística em área de conflito? É fato que com a citado avanço da tecnologia, cresce o espectro de consulta na internet, mas quando se trata de técnicas e condutas para a proteção da própria vida, faz-se necessário livrar-se do empirismo e conhecimento raso para aprofundar em conhecimentos técnicos experimentados em campo e científicos.

Ao longo do tempo observando correspondentes, em solo internacional ou em solo nacional, pode-se perceber muitos profissionais de imprensa que arriscaram suas vidas, e até se feriram, por desconhecimento tático de segurança pública em ambientes urbanos ou em conflitos internacionais.

No Brasil, a preocupação com os jornalistas em coberturas em áreas de conflitos é recente e por ser um assunto embrionário, pouco de fala sobre cursos nessa área. Como referência de instituições que possam associar a doutrina israelense da NATI Brasil com os postulados legais brasileiros, podemos citar como exemplo o Estágio de Preparação de Jornalistas e Assessores de Imprensa para atuar em Áreas de Conflito realizado pelo Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil, do Exército Brasileiro; o Curso de Jornalismo em Guerra e Violência Armada do Comitê Internacional da Cruz Vermelha; e o Curso de orientação a Jornalistas em Áreas de Conflito Armado, da Polícia Civil do Paraná.

 

Todos os cursos citados possuem características e conteúdos distintos, haja vista a aplicabilidade (guerra ou insegurança urbana), no entanto com o mesmo objetivo, assegurar a integridade física do jornalista e permitir que realize o trabalho em área conflitada de forma segura.

De todo exposto e apoiado na Portaria nº 236-EME, de 16 de novembro de 2020, único documento que ampara a atividade atualmente no Brasil, com foco em mitigar as estatísticas de fortuitos a profissionais de imprensa (dos 353 casos de violações à liberdade de imprensa que a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo – Abraji registrou em 2022, 81 se referem a episódios graves, como violência física, destruição de equipamentos, ameaças e assassinatos) e levando em consideração falta de capacitação do pessoal da imprensa no que diz respeito a preservação da segurança em via pública e em situações de conflito, a National Association Tactical Instructors elaborou o Curso de Jornalismo em Área de Conflito (CJAC), vocacionado para todos profissionais e acadêmicos da área de jornalismo.

 

O programa do CJAC é desenvolvido em cinco módulos distintos entre atividades teóricas e práticas, as quais são necessárias para massificação da cognição. Os referidos módulos são divididos da seguinte fórmula, conforme segue.

Módulo1 – Preparação para realização de cobertura jornalística em área de conflito

– Montagem do IFAK do profissional de imprensa

– Kit de anotação

– Impermeabilização de material

– Coletes balísticos (tipologia e utilização)

– Acessórios de proteção individual

– Identificação individual

Módulo 2 – Progressão individual em área de risco

– Noção de cobertura e utilização de coberturas

– Noção de abrigo e utilização de abrigos

– Noção de progressão em área de risco

Módulo 3 – Acompanhamento de equipe de segurança ou defesa em área de risco

– Briefing com integrantes dos órgãos de segurança pública e defesa

– Conduta do jornalista em uma patrulha constituída

Módulo 4 – Comunicação e negociação

– Procedimentos de contato com a Força Adversa

– Media Stress

Módulo 5 – Primeiros Socorros

– Primeiro atendimento em área conflitada

– Protocolo de atendimento em área conflitada

O conteúdo do curso tem uma carga horária de 16 horas e só pode ser ministrada por instrutores NATI Brasil, devidamente autorizados pela sede para certificação de alunos.

 

Fontes fotográficas:

1. Fonte: notícias de franca, disponível em https://noticiasdefranca.com.br/secoes/opinioes/o-jornalismo-moderno/

 

2. Fonte: guia do estudante abril, disponível em Jornalismo: conheça o curso em 11 perguntas e respostas – Guia do
Estudante (abril.com.br)

3. Fonte: Centro Conjunto de Operações de Paz no Brasil, Disponível em EPJAIAC (eb.mil.br)

4. Fonte: catraca livre, disponível em Exército oferece curso gratuito para correspondente de guerra
(catracalivre.com.br)

5. Fonte: marco zero, disponível em Integrantes do Conselho de Segurança Pública querem capacetes e coletes para imprensa cobrir protestos – Marco Zero Conteúdo

 

 

 

 

 

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